Descrição
Sentimento, mestria técnica e interpretação intuitiva definem o primeiro impacto de um encontro ao vivo com a música de Manuel d’Oliveira, A guitarra acústica e a braguesa são utilizadas para transmitir a sua linguagem, produto de uma fusão de sons latinos, mediterrânicos e ibéricos, onde está presente a alma do fado e do flamenco, para além de simbologias tribais, medievais e populares, num verdadeiro encontro de culturas.
Estes imaginários estão na origem dos diálogos que Manuel d’Oliveira estabelece com os instrumentos que o acompanham: cordas de nylon da temperamental guitarra ibérica, cordas de aço da épica guitarra portuguesa e da popular guitarra braguesa, percussões tão tradicionais como o antigo adufe português e ibérico ou o mais recente cajón flamenco, o romântico acordeão da música popular, a elegância e o requinte combinados com urna eximia técnica do baixo eléctrico, do saxofone e da flauta.
Fusão ibérica é talvez o termo que melhor descreve o universo musical de Manuel d’Oliveira, pleno de espaços urbanos e de paisagens sem fim de uma Ibéria tão diversa em si mesma, mas, ao mesmo tempo, tão característica e culturalmente unida como latina perante o resto do mundo. Sons que nos fazem viajar e sobrevoar mares calmos ou turbulentos, terras verdes do Norte e ocres do Sul. Ambientes que se sucedem alterando as nossas sensações e emoções ao ritmo dos matizes da música. Existe também um sentimento de viagem interior perante recordações, promessas e esperança.
Entende-se por fusão ibérica a música feita a partir das raízes tradicionais da Ibéria que integram influências migratórias sucessivas árabes, judias, ciganas, africanas ou celtas.
A música ibérica foi desde sempre uma fusão, dada a característica deste território ser uma encruzilhada de povos e culturas.
Mas não foi apenas o espaço físico a ser objecto de miscigenação, também o emocional. Os ibéricos, quando viajavam, faziam uma espécie de fusão emocional na sua comunicação com os povos que encontravam e, deixando a semente da sua cultura, regressavam também fecundados cultural, emocional e sentimentalmente, A actual fusão ibérica é um resultado de fusões anteriores. Fusão sobre fusão e recriação permanente é um processo apaixonante.
Este CD conta com a participação de grandes nomes convidados da música nacional, como António Cheinho (guitarra portuguesa), e internacional, como Caries Benavent (baixo) e Jorge Pardo (flauta e saxofone), músicos de prestígio internacional na área do jazz, do flamenco e da fusão, que se juntaram a Manuel d’Oliveira, para participar neste seu primeiro CD editado em Portugal em finais de 2002.
Manuel d’ Oliveira tem vindo a desenvolver um estilo próprio que lhe tem valido excelentes reacções do público e da critica, antecipando-lhe um papel determinante na história da guitarra em Portugal.
Lucília Didier
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