Manuel de Oliveira, João Frade & Sandra Martins
Tour 2022
Manuel de Oliveira está de volta aos palcos para apresentar “Entre-Lugar”.
Na sequencia da paragem forçada de cerca de seis meses devido à pandemia Covid19, Manuel de Oliveira entrou intensivamente em estúdio para gravar o seu “Entre – Lugar” é uma viagem musical em trio, com João Frade no Acordeão e Sandra Martins no Violoncelo.
Tem ainda participações especiais do fadista Marco Rodrigues, do baterista Marito Marques e das Maria Quê.
Um disco dedicado ao seu pai e mestre, o guitarrista Aprígio Oliveira e conta ainda com tributos a José Afonso e Paco de Lucia.
Para “Entre-Lugar”, Manuel de Oliveira partiu da sua reconhecida identidade ibérica, acrescentando-lhe cores e sabores de outras paragens, cruzando o étnico com o urbano, a música africana com o fado, o flamenco com o tango, numa vasta simbiose multicultural.
A viola Braguesa desempenha nesta multiculturalidade um papel determinante, já anteriormente explorada no disco “Ibéria” mas aqui e agora com uma presença mais vincada e decisiva. A Braguesa, graças à sua sonoridade algures entre a dolência da Guitarra portuguesa e o exotismo da Mandola árabe, confere a “Entre-Lugar”, o seu verdadeiro sentido, de identidade inquieta, sem preconceitos e ao mesmo tempo repleto de autenticidade de entre os lugares da identidade portuguesa.
Em concerto, Manuel de Oliveira apresenta-se em Trio, com João Frade e Sandra Martins ou em Quinteto, com a participação especial do fadista Marco Rodrigues.
ENTRE-LUGAR
Reflexão do Autor
A criação acontece-me como um ímpeto que me lança rumo ao desconhecido, que me impele a descentrar-me, a deslocar-me ao encontro do outro ou do mundo, que me retira de um certo exílio psicológico que é lugar de mim e aparentemente seguro, mas sem sentido.
O Entre–Lugar é o lugar do contacto com o diferente. É entre o meu mundo interno e o mundo externo, no lugar do contacto do limiar de mim com o limiar do outro, onde restauro a dualidade.
No Entre–Lugar reencontro o sentido, quer afetivo, onde estabeleço laços com o outro, quer estético, lugar do desconhecido onde o vazio de significados potencializa novos sentidos estéticos e me permite conciliar as minhas influências musicais sem receio da transgressão dos seus lugares originais.
O Entre–Lugar não é um lugar estanque, é caminho, é viagem, fronteira que separa e limita e que ao mesmo tempo permite o contacto e aproxima. É lugar fecundo em movimento perpétuo que me devolve a Criação e o Amor.”
Manuel de Oliveira
ENTRE-LUGAR
por Paula Cortes
Não é uma promessa a música de Manuel de Oliveira. Acontece darmos por nós num dia limpo, numa planície ampla com a joalharia do silêncio. Ele estende uma paisagem, mas não avança. Abre-se diante de nós um horizonte imediato, uma escadaria sem cansaço. São templos de indomáveis trepadeiras ciganas, judaicas, muçulmanas, de artistas e boémios.
Oferece-nos, como dádiva, os seus lugares íntimos, nem todos visitados, porventura, mas sabemos como isso pouco importa. Porque depois de Homens, a identidade não é só o lugar em que nascemos. É, também, onde nunca chegámos e ansiámos ir, sem precisar de explicar o porquê de ali pertencermos.
Estamos sempre entre, por chegar, por concluir. Manuel, como ninguém, faz música incompleta em sua completude — digo: a música acontece com o ouvinte. Aqui ninguém está só. O encontro é descoberta do que é mais próprio em cada um de nós. Somos chamados a existir.
Num sopro, somos levados ao tango, a fazer uma curva lentamente, conduzidos ao suspiro de Piazzolla, às portas do sol, fundas, das cuevas de Granada, ao calor e o flamenco. Somos levados à boca da guitarra de Paco de Lucia, às colheres de recomeços com sopa ancestral, ao fado no esqueleto português. Chegamos aos labirintos de Jorge Luís Borges sem a tralha dos dias, com o mapa dos desejos. Na viagem, entregamo-nos a despir o inautêntico para nos encontrarmos outros, com o outro. Aqui, Entre-Lugar, somos livres e leves. Vemos o carvão dos pensamentos tornar-se andorinha negra.
Paula Cortes

Manuel de Oliveira – Guitarras acústicas e Braguesa
Sandra Martins – Violoncelo (1,2,3,4,5,6)
João Frade – Acordeão (1,2,3,4,5,6)
Hélder Costa – Percussão e Programação Sonora (2,3)
Convidados especiais
Marco Rodrigues – Voz (6)
Marito Marques – Bateria e Percussões (4,5,6,7)
José Silva (Zecas) – Baixo acústico (6)
Catarina Silva e Juliana Ramalho (“Maria Quê”) – coros (7)
ENTRE-LUGAR
Making Of








